Turismo em espaço rural cresceu 15% este verão

Gilberto Vieira, presidente da associação ‘Casas Açorianas’, revela que esta tipologia de alojamento cresceu 15% no verão, afirmando que o mercado dos EUA deve ser aposta futura


  
Como correu este verão em termos de ocupação?
No geral, o Turismo em Espaço Rural (TER) registou crescimentos importantes. No entanto, houve unidades com ligeiras quebras. Segundo os dados provisórios de que dispomos relativos aos meses de verão, o crescimento homólogo foi à volta de 15%.

Que fatores contribuíram para estes resultados?
Em primeiro lugar, julgo que tem a ver com a progressiva notoriedade do destino, do qual o turismo rural é peça-chave.
Surgiram novos mercados, embora ainda de forma tímida e notou-se a consolidação de outros como a Alemanha, a França, a Bélgica e a Holanda.
É importante referir que estes bons resultados não são iguais em todas as ilhas, havendo algumas que registaram maior procura pelo turismo rural e outras menor.
Em termos de futuro, creio que o mercado dos Estados Unidos que já começa a ser significativo tem um potencial muito maior e acho que essa é uma aposta fundamental a partir de agora.

Que desafios se põem atualmente ao crescimento do Turismo em Espaço Rural nos Açores?
Não me canso de dizer que, antes de mais, temos que preservar e valorizar continuamente a autenticidade que o turismo rural e de natureza oferece nos Açores. Tem que ser, cada vez mais a imagem de marca do destino Açores.
A descaracterização deste produto de excelência é um risco enorme. Temos assistido, por exemplo, ao surgimento de novas unidades hoteleiras de grande dimensão que não promovem uma economia circular de forma tão eficiente.   

O crescimento de outras tipologias, como o Alojamento local, tem afetado o Turismo em Espaço Rural, uma tipologia que tem de respeitar características muito específicas?
O facto de o turismo rural continuar a crescer, apesar do aparecimento nos últimos anos de outras tipologias, incluindo o alojamento local, é indicativo de que tem uma identidade bastante própria com capacidade de atrair clientes verdadeiramente interessados na oferta do TER. Mesmo assim nota-se que em algumas ilhas ou unidades o súbito o aparecimento de tipologias que praticam preços muito mais baixos, por não estarem obrigadas a regras impostas ao turismo rural, o que provocou algumas quebras.
Da parte das Casas Açorianas, apesar dos parcos recursos, continuamos a investir criteriosamente num plano de ‘marketing’ apelativo e mobilizador para o produto verdadeiramente especial que oferecemos, plano esse alicerçado nas experiências dos nossos associados no terreno.

Da parte da Região, o investimento no turismo em espaço rural tem sido suficiente?
Depois do arranque de algumas unidades de turismo rural os Açores paulatinamente foram conquistando o interesse de um nicho de turistas que se interessam verdadeiramente por experiências culturais e vivenciais raras. Os responsáveis pela política de turismo da Região reconheceram a importância deste produto e foram surgindo apoios para o investimento neste setor e, ao mesmo tempo, para a sua promoção.
No caso, por exemplo, das Casas Açorianas foi estabelecida uma parceria que permitiu usar meios convencionais e novas tecnologias na divulgação e notoriedade deste produto e, por simpatia, do destino Açores no seu todo. Nos últimos anos, esse apoio foi sendo progressivamente reduzido, quando deveria ser ao contrário, algo que não entendemos.
Ainda no contexto dessa estratégia, foi estabelecida outra parceria entre as Casas Açorianas, o Governo Regional e outras entidades para a realização de uma Bienal de Turismo Rural, com o intuito de trocar experiências, de fomentar o interesse por novos investimentos nesta área, como forma de dar dimensão à oferta, e de permitir a aprendizagem com experiências similares. Esta foi, na minha opinião, uma visão estratégica com êxito por parte das autoridades decisoras no que ao turismo diz respeito, com frutos à vista. Atingiu até dimensão e reconhecimento internacional, passando a denominar-se Bienal do Turismo Rural Atlântico. Pena é que esse evento tenha deixado de ser realizado abruptamente pois, estou certo, continuaria a ser de enorme importância para a consolidação e desenvolvimento do turismo rural e de natureza no arquipélago. ♦



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